[ Poesias ]
Coletânea de Poesias e Textos Góticos
Seleção de vários textos e poesias escritas por Luisa Freire em seu blog.
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Felicidade é coisa efêmera, que quase nunca notamos presente, mas da qual sentimos falta quando se vai, e arrependemo-nos por dela não termos desfrutar o suficiente. Mas diga-me, quanto dela é o suficiente? Não se tem a medida certa, e é impossível de se saber. Talvez nunca seja o suficiente, talvez em alguma hora seja. Ninguém pode dizer, mesmo que passe a vida pensando nisso.
E a tristeza. Essa, que nós – homens- distorcemos, degradamos e difamamos, da qual sempre fugimos, também tem lá sua beleza, mas é tão oposta da felicidade quanto se pode notar.
Quando aparece logo é notada, mesmo o mínimo dela já nos parecesse mais que o suficiente e nunca desejamos que volte – as vezes sim, mas não a plenos pulmões – nem por um misero segundo.
Mas por mais que a reneguemos, usufruímos o Maximo dela. É dela que vêem as mais belas e famosas obras, pois nela há profundidade o suficiente para isso. Ela é musa, inspiradora dos maiores músicos, escritores, pintores. Artistas!
E a felicidade? Ela fica num canto, esquecida, esperando uma brecha para aparecer. Desejando ser pintada, querendo ser musa também.
Mas transformar a felicidade em arte não tem graça, não é chamativo. A felicidade serva apenas para passar despercebida e para depois sentirmos falta dela – ou não.
- Luisa Freire
Quando todos acordaram, ela já havia partido. Assim como ela o estranho também não se encontrava em lugar algum.
Quase todos borbulharam jubilo dentro de si quando ouviram a notícia, mas colocaram mascaras e disseram “Oh! Que pena, vamos sentir sua falta”.
Os homens apenas lamentaram a falta da paisagem que ela lhes proporcionava e dos serviços que á eles prestava sem nada cobrar; As mulheres sentiram-se como se ganhassem uma batalha “Finalmente da maldita encantadora de homens nos livramos” pensaram. As crianças aos prantos ficaram “Não haverá mais flores na primavera? Ou histórias de reinos longínquos sobre dragões, donzelas, bruxas e príncipes?” Perguntavam.
Quase todos achavam que ela tinha partido com o forasteiro, mas não. Ela nunca iria para o mesmo lugar que aquele homem, ela se fora muito antes dele, para um lugar bem mais distante.
Durante todos esses anos ela viajou de cidade em cidade tentando se encaixar em algum lugar, mas ela nunca conseguia. Pro algumas vezes achou que nunca ia encontrar o que tanto queria, mas quem sabe ela só estivesse procurando do jeito errado, entretanto ela não sabia outra forma de encontrar. A cada vila sentia uma pontada de esperança que ia crescendo até tomar conta de todo o seu coração, apenas para desaparecer quando ela precisava ir embora.
Não fora diferente nessa cidade. Não foi ali que ela encontrou um lugar só seu ou alguém só para ela, e agora já passara da hora de partir deixando o mínimo de vestígios possíveis. Deixando apenas algumas lembranças que serão apagadas rapidamente pelo tempo.
E naquela cidadezinha ninguém nunca mais ouviu falar dela ou do forasteiro, exceto por um sussurro que o vento trouxe algo sobre uma mulher de lugar nenhum, mas depois disso mais nada.
Talvez ela ainda esteja procurando pelo seu lugar e o seu alguém, mas eu desejo que ela já tenha encontrado e que ela não precise mais ir de cidade em cidade para procurar o que lhe falta.
- Luisa Freire
O que é você?
É a pergunta que ecoa em minha mente
A resposta está na ponta da minha língua
Mas é algo irreal de mais para acreditar
Como eu posso ter certeza da resposta
Se você me confunde o tempo todo
E eu continuo me fazendo de tola
Eu acho que não posso acreditar
Na verdade que esta diante de mim
Seus olhos,
Ora negros como a noite
Ora feito ouro derretido,
Entorpecem-me,
Enfeitiçam-me
Eu vejo a resposta desfragmentada,
Palavras dançantes no ar,
E eu me nego a junta-las.
- Luisa Freire
Não são lagrimas de mentira que lhe escorrem a face
Mas ainda assim seu pranto é uma mascara,
Que oculta toda verdade.
Ela é toda egoísmo,
E seu lamento é só para seu fardo,
Nada é realmente para ele.
A culpa é sua companheira inseparável,
Consumindo-a miseravelmente todos os dias,
Mas talvez esse seja um preço justo a se pagar
Por pecado tão vil.
Os olhos dele – mesmo eternamente fechados – denunciam-na.
É como se ele pudesse berra para todos seu ato infame.
Mas ninguém a julga pensam que o choro é por causa dele
Mas ela sabe que por de trás das cortinas do palco,Há uma realidade angustiante
Luisa Feire